domingo, 22 de junho de 2008

Um teatro que é Mágico.


Cidadão de papelão
O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli/Maíra Viana


O cara que catava papelão pediu

Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz

Nem terno, nem tampouco ternura

À margem de toda rua, sem identificação, sei não

Um homem de pedra, de pó, de pé no chão

De pé na cova, sem vocação, sem convicção


À margem de toda candura

À margem de toda candura

À margem de toda candura


Um cara, um papo, um sopapo, um papelão


Cria a dor, cria e atura

Cria a dor, cria e atura

Cria a dor, cria e atura


O cara que catava papelão pediu

Um pingado quente, em maus lençóis, à sós

Nem farda, sem tampouco fartura

Sem papel, sem assinatura

Se reciclando vai, se vai


À margem de toda candura

À margem de toda candura


Homem de pedra, de pó, de pé no chão


Não habita, se habitua

Não habita, se habitua


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